terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ânsia

Sou uma pequena parte do que me rodeia!

Não anseio pelo futuro
Que me há-de de chegar,
Não anseio pelos dias que virão
Nem suspiro pelas glorias de antigamente,
Não anseio pelo que o meu fado
Me reserva vislumbrar.
Eu vivo o momento,
Vivo o segundo,
Vivo a vida
E não os sonhos
Ou a mentira!

Não quero ser o que nunca fui!
Nem ter o que nunca tive!
Não tenho em mi
A ânsia de ter,
Nem o que não vivi viver!
Só quero o que me dão
Os donos do destino meu,
Fado escrito
Nas longas páginas
Da historia que virá.

Não pergunto porquê,
Não questiono as demandas
Do destino,
Sigo de olhar atento as mudanças
Dos dias que passam a correr,
Estou atento ao que o mundo me reserva
À espera que um sinal me seja
Oferecido,
E o que vivo
Me ajude a entender.

Sou o humilde ser
Na palma de algo maior
Do que o que o meu simples olhar
Me permite
Perceber,
Vislumbrar.

Não anseio pelo que virá
Espero pacientemente
Pelo fim,
E pelo de novo renascer,
Dos dias que faltam
Para que nada mais possa ver

Não sei se será
A errada,
Ou a melhor escolha
A fazer.
Não sei!
E sinceramente,
Nem quero saber!
Não quero saber e ponto final!
Pois no fim de contas,
Não é a mi
A quem cabe escolher.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Porquê sofrer

Sinto-me como uma
Pequena formiga,
Esmagada pela
Imensidão do universo.

Não entendo as guerras,
Não encontro razão
Para a ganância,
Ou para dor.

Porquê sofrer
Se o mundo não gira
Em volta desse pequeno orifício
A que tão ingenuamente chamamos
O todo,
Se o mundo
Não começa nem acaba
Ai!

Porquê sofrer
Se não passamos
De um pequeno grão de areia
Na enorme ampulheta
Do Universo.

Porquê sofrer
Se tudo isto
É efémero,
Se tudo o que hoje vivemos
Será um dia levado
Pelas águas do tempo,
Como um castelo de areia
É levado
Pelas águas do mar.

Só mais um folgo!

Só mais um folgo
Eu vos peço,
Dai-me só mais um folgo
Que me encha os pulmões,
Essas caixas
De vida,
Ora Cheias
Ora vazias,
Um folgo
Repleto de emoções.

Sinto
O peito apertado,
Esmagado,
Pelas responsabilidades
De quem pouca alforria respira
E seus deveres
Por todo o corpo suado
Transpira.
Deixem-me profundamente
Em divinos sopros
Me embriagar.
Deixem-me livremente respirar.

Sou homem
E não escravo
Devo livre viver
E não em correntes pesadas
Agrilhoado
Deixe-me livre ser,
Correr, saltar,
Por todo o mundo
Num piscar de olhos
Viajar.
Deixem-me respirar.

Só quero
Tempo,
Espaço,
Para verdadeiramente
Homem ser,
E não maquina
Regulada,
Oleada,
Pelas falsas ideologias
Da actualidade,
Os falsos donos da verdade.
Deixem me respirar!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

E se o mundo…?

E se o mundo
Coube-se
Na palma
De uma mão,
Quem teria
O privilégio,
Quem teria
Na palma
A razão?

E se o mundo
Se escrevesse
Com uma simples
Pena,
Se o mundo
Se exprimisse
Pela negra tinta
E numa só palavra
Se restringe-se,
Quem a escreveria,
Quem depois de lida
A compreenderia?

E se o mundo
Coube-se
Num olhar,
Num simples, ténue
E ledo olhar?
E se o mundo
Fosse assim tão simples,
Fosse assim tão belo,
Quem seria eu
Para o negar?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Os pregos, o martelo, a cruz...


autor: Fabio Mendes

Rosa Negra

Nasceu em mim
A mais negra das rosas
Mais escura
Que a própria noite,
Uma noite qual
Nem as estrelas
Ou a lua
Conseguem iluminar,
Fazendo o inicio
Do universo lembrar.

Tal rosa nasceu
De ódio
E solidão,
Cravejou-me internamente
De espinhos e mentiras,
Mutilou-me o coração,
Infectou-me a alma
De vingança e dor,
Retirou-lhe toda e qualquer
Inocência e amor.

Agora olha bem
Para os meus negros olhos,
Pois lá verás
O reflexo da minha alma,
Tão escura e fria,
Como a mais cerrada
Noite de Inverno.

Uma alma podre,
Como a mais
Podre das maçãs,
Que infecta
Tudo em que toca.
Assim é a minha
Alma,
Infectando a minha
Corrente sanguínea,
Putrificando
O que resta
Do meu solitário coração,
Por si já
Frio e sofrido,
Desolado
Por uma tola paixão.

Sinto-me agora eu,
Mais sozinho
Que nunca
Envolto numa
Nuvem asfixiante
De morte e desolação,
Sinto-me prisioneiro
Da própria solidão.
Autor: Fábio Ferreira

sábado, 12 de julho de 2008